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Rua Prior Guerra

Prior Guerra 


O Prior Guerra era um homem bondoso e afável

A rua Prior Guerra fica no centro da freguesia, na urbanização que circunda o Centro Cultural da Gafanha da Nazaré. Trata-se de uma justa homenagem ao segundo prior da nossa comunidade, sucedendo, por isso, ao Prior Sardo. Aliás, o Prior Sardo, decerto por dificuldades de saúde, continuou a viver entre o seu povo, como coadjutor, mostrando, por esta forma, uma enorme humildade.
O Prior Guerra, de seu nome José Francisco Corujo, nasceu em 17 de Fevereiro de 1878, em Ílhavo, tendo sido ordenado presbítero em 12 de Julho de 1903. Assumiu a paroquialidade da Gafanha da Nazaré entre 5 de Outubro de 1922 e 1948, altura em que fixou residência na sua terra natal. Faleceu em 12 de Março de 1963.
Sublinha-se na monografia da paróquia – Gafanha: Nossa Senhora da Nazaré – que durante o tempo em que esteve entre nós “deixou um rasto de simpatia”. Era uma pessoa bondosa, simples e afável.
“Era rigoroso nas contas e cioso nos gastos. Não quis que se fizesse uma residência nova para não chocar os paroquianos… que, muitos, viviam em palheiros de tábuas…” –  refere a monografia citada.

Dele guardamos uma imagem e um sorriso de bondade que enternecia. Morava perto da escola da Ti Zefa, em casa que ainda existe, com uma  criada idosa. Quando brincávamos no recreio da escola, que era a Av. José Estêvão de hoje, ele não deixava de mostrar a sua satisfação por nos ver, enquanto fumava os seus cigarros, feitos com mortalhas e com tabaco oferecido pelos pescadores do bacalhau. Também os ouvia em confissão, em sua própria casa, não perdendo a oportunidade de levar os homens do mar a reconciliarem-se com Deus e com as pessoas.
Não recordamos muito as suas homilias, pregadas nas missas que eram celebradas em latim. Mas de alguns paroquianos mais velhos ouvimos, há anos, que acentuava nas suas prédicas os princípios de vida honrada e recta.
Quando se retirou para Ílhavo, tinha por hábito andar junto à Câmara Municipal, Finanças e Registo Civil, para se encontrar com os gafanhões que iam a essas repartições pagar os seus impostos e resolver os mais diversos problemas. Testemunhámos esse seu hábito, quando um dia fomos com um familiar tratar de um assunto ao Registo Civil. Foi então que o Prior Guerra afirmou que ali contactava, diariamente, com o povo da Gafanha da Nazaré.

Fernando Martins

Nota: Não sei se há pela Gafanha da Nazaré uma foto do Prior Guerra, com mais qualidade. Se houver, agradeço a disponibilidade para ma emprestarem, para publicação.

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