Costa Nova antiga
«Com a manhã, que se adianta, as gotas de chuva embebem-se de outra luz esbranquiçada. Ganham os tons baços transparência e uma claridade difusa bóia no céu. Baba-se. A amplidão da água reflecte já outras tintas. A neblina a todo o momento desmaia e a casta planície vaporizada ilumina-se de uma luz cor de pérola que hesita em pousar: os verdes são mais claros, as árvores suspensas no ar e as casas construídas na água. Além, à esquerda, mostram-se os palheiros da Costa Nova — mas tudo ainda adormecido na terra, no silêncio e na água. Uma tainha salta…»
In »Os Pescadores»
Comentários
Já os conhecia, já li Os Pescadores. São textos apaixonantes e escritos por um apaixonado. E eu julgo ainda ter vivido um bocado o ambiente da ria que ele descreve na perfeição, as mesmas tremulações daquela luz "que atinge a beleza suprema" e aquele silêncio húmido, a qualidade especial que os sons obtêm sobre a superfície da ria. Fica-nos gravado na alma para sempre.
Gosto muito deste seu blog, e desta sua ideia de compilar textos sobre a ria. Parabéns!
A. Sottomayor