domingo, 22 de julho de 2012

Praia da Costa Nova

Texto de Inês Nadais, no Fugas

Marina da  Costa Nova (Foto do meu arquivo)


Só para alguns, os nossos

O que se segue não é o melhor que se pode dizer de uma praia, mas a Costa Nova não é para todos, só para alguns, os nossos. Portanto, toda a verdade: mesmo em Agosto, não se sai daqui vivo sem um bom casaco de malha, que as noites são de fazer fila na roulotte do Zé da Tripa e o Verão, entre a ria e o mar, não é de ferro (enfim, tem os seus momentos). Expliquemo-nos: não há praia como a Costa Nova - ou melhor, há, mas nenhuma tem um areal tão enorme e tão branco, nem um mar que dê tanta luta, nem uma nortada tão capaz de acordar os mortos -, mas não vale a pena esperar milagres tropicais. Estamos verdadeiramente no Atlântico Norte, um banho de mar pode ser uma grandessíssima tareia e o corta-vento é da tradição. Posto isto, a Costa Nova continua a ser, para citar um gigante, Eça de Queirós, "um dos mais deliciosos pontos do globo", onde estamos sempre "em grande alegria" - mesmo que o palheiro do republicano José Estêvão, onde o escritor se alojou em 1844, já não receba forasteiros e os pescadores tenham trocado as suas casas às risquinhas por apartamentos com marquise. Teremos sempre as enguias, uma estrada encantada para ir de bicicleta até à Vagueira - e o plano B de ir para a ria, quando a bandeira está vermelha. Certo, guardámos o melhor para o fim: a Costa Nova não é uma praia, são duas.

Inês Nadais

2 comentários:

Barba azul disse...

Caro Fernando Martins

Bonito texto, a Costa Nova é mesmo isso. Tem no entanto umas imprecisões, que gostaria de rectificar.
José Estêvão não era republicano. Era um monárquico progressista (isto, por oposição ao conservadorismo miguelista), que lutou por uma monarquia constitucional, em que os poderes do rei se submetiam à Constituição, naturalmente limitados, com a soberania (teóricamente...) assentando no povo. Talvez tenha tido, nalguma altura do seu percurso político, naqueles tempos conturbados, alguma simpatia pela ideia republicana, o que não faz dele um republicano.
O texto parece sugerir que Eça de Queiroz esteve no Palheiro em 1844. Não tenho a certeza sequer se Eça já era nascido nessa altura. Deve ter lá estado por volta de 1886/87/88...Como convidado do meu bisavô Luís de Magalhães, de quem era amigo. Não era propriamente um "forasteiro", as pessoas que eram lá recebidas - como ainda agora - eram amigos, não forasteiros.

Cumprimentos,
A. Sottomayor

Fernando Martins disse...

Meu caro

Tem razão, mas o erro não foi meu, mas da jornalista do PÚBLICO Inês Nadais. Fez bem em assinalar o lapso, para que não restem dúvidas.

Cumprimentos

Fernando Martins

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