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Formação do espaço que hoje habitamos (1)

O espaço seco que hoje habitamos, com o mar e a ria a limitá-lo na sua grande parte, não é de sempre. Observando mapas e lendo registos fica-nos a certeza de que o mar foi dono das atuais Gafanhas. 
Há mil anos as águas salgadas dominavam toda esta região, em jeito de quem sonha com uma ria e o rio Vouga abertos ao mundo.
A restinga de areia que se formou ao longo de 25 séculos, protegendo-nos dos avanços e ataques do oceano, foi criando condições capazes de atrair pessoas habituadas a enfrentar dificuldades.
Orlando de Oliveira, no seu livro “Origens da Ria de Aveiro” (ORA), avança com a certeza de que a laguna, delimitada como presentemente a podemos ver, vem do tempo da fundação da nacionalidade.
«Podemos dizer com orgulho que a Ria de Aveiro e Portugal se formaram ao mesmo tempo. Nasceram simultaneamente por alturas do século XII e poderíamos dizer, fantasiando um pouco, que, enquanto os nossos primeiros Reis e os seus homens iam dilatando as terras peninsulares, a Mãe-Natureza ia conquistando ao mar esta joia prodigiosa que generosamente viria ofertar às nossas terras alavarienses.»(ORA)

O mar no início da nacionalidade (Figura 1)

Entre os séculos X e XII, o oceano tocava em Mira, Vagos, Ílhavo, Aveiro, Cacia e por aí acima. Entretanto, a restinga de areia que o mar trazia e levava com a mesma ligeireza foi-se fixando, afastando-se da linha definida por aquelas terras, e até ao século XIX, com um cordão dunar muito vulnerável, foi dando garantias de poder ser habitada sem receio. Lentamente mas em crescendo, até ao presente.

Nota: Mapa preparado por João Gonçalves Gaspar

In "Gafanha da Nazaré — 100 anos de vida"

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