Avançar para o conteúdo principal

Povoamento da Gafanha: História ou lenda?

Diz o Padre Rezende, na sua Monografia da Gafanha: 

(…) “Esta tradição diz-nos que a Gafanha teve como primeiros habitantes quatro criminosos, a quem a Justiça do tempo, que se não pode precisar, mandou cumprir a pena de degredo nesta África Continental. Si vera est fama não têm os nossos briosos gafanhões pergaminhos muito honrosos e limpos com que possam gloriar-se. Felizmente que estes povos desmentem cabalmente a tradição desonrosa. Adiante. 
O argumento colhe, e senão vejamos. Não é ainda hoje designado com o nome da Quinta-dos-Degregados um extenso território ao norte da Torreira, de que a Gafanha se pode considerar o prolongamento? Esta designação supre quaisquer documentos abonatórios das condenações presidiárias para esta região semi-africana. É presumível que tais documentos existam, mas não é fácil que cheguem às mãos de qualquer obscuro investigador das coisas da Gafanha. (…) 
Para satisfazer, porém, a uma tradição corrente, voltemos aos quatro criminosos, dos quais um, segundo se diz, seria murtoseiro (vulgarmente chamado marinhão) e que se instalou no local que, por isso, ainda agora se denomina Quinta-do-Marinhão; outro vareiro (habitante de Ovar), que construiu a sua cabana onde actualmente existe a Quinta-do-Vareiro; um outro, de proveniência desconhecida, que se fixou onde agora conhecemos a Quinta-do-Carramão, que dele tirou o nome; e o quarto, de quem também não me puderam informar a proveniência e bem assim para onde foi a arrastar a sua suposta grilheta.”

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gafanha em "Recordações de Aveiro"

Foto da Família Ribau, cedida pelo Ângelo Ribau António Gomes da Rocha Madail escreveu na revista “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 2 de 1966, um artigo com o título de “Impressões de Aveiro recolhidas em 1871».   Cita, em determinada altura, “Recordações de Aveiro”, de Guerra Leal, que aqui transcrevo: (…)  «No seguimento d'esta estrada ha uma ponte de um só arco, por baixo da qual atravessa o canal que vai a Ilhavo, Vista Alegre, Vagos, etc., e ha tambem a ponte denominada das Cambeias, proxima à Gafanha.  É curiosa e de data pouco remota a historia d'esta povoação original, que occupa uma pequena peninsula. Era tudo areal quando das partes de Mira para alli vieram os fundadores d' aquelIa colonia agricola, que á força de trabalho e perseverança conseguiu, com o lodo e moliço da ria, transformar uma grande parte do areal em terreno productivo. Foi crescendo a população, que já hoje conta uns 200 fogos, e o que fôra esteril areal pouco a pouco se transformou em fertil e

Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré

Alguns subsídios para a sua história Em 1888,  inicia-se a sementeira do penisco no pinhal velho, terminando, na área da atual Gafanha da Nazaré, em 1910. Somente em 1939 ultrapassou o sítio da capela de Nossa Senhora da Boa Hora, ficando a Mata da Gafanha posteriormente ligada à Mata de Mira. (MG) A Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré foi inaugurada numa segunda-feira, 8 de dezembro de 1958, Dia da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal. Contudo, o processo desenvolvido até àquela data foi demorado e complexo. Aliás, a sua existência legal data de 16 de novembro de 1936, decreto-lei 27 207. Os estudos do terreno foram iniciados pela Junta de Colonização Interna em 1937, onde se salientaram as «condições especiais de localização, vias de comunicação e características agrológicas», como se lê em “O Ilhavense”, que relata o dia festivo da inauguração. O projeto foi elaborado em 1942 e, após derrube da mata em 1947, começaram as obras no ano seguinte. Terraplanagens,

1.º Batizado

No livro dos assentos dos batizados realizados na Gafanha da Nazaré, obviamente depois da criação da paróquia, consta, como n.º 1, o nome de Maria, sem qualquer outra anotação no corpo da primeira página. Porém, na margem esquerda, debaixo do nome referido, tem a informação de que faleceu a 28-11-1910. Nada mais se sabe. O que se sabe e foi dado por adquirido é que o primeiro batizado, celebrado pelo nosso primeiro prior, Pe. João Ferreira Sardo, no dia 11 de setembro de 1910, foi Alexandrina Cordeiro. Admitimos que o nosso primeiro prior tomou posse como pároco no dia 10 de setembro de 1910, data que o Pe. João Vieira Rezende terá considerado como o da institucionalização da paróquia, criada por decreto do Bispo de Coimbra em 31 de agosto do referido ano. Diz assim o assento: «Na Capella da Cale da Villa, deste logar da Gafanha e freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, do mesmo logar servindo provisoriamente de Egreja parochial da freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, concelho d’Ilh